Cirurgia do Pâncreas

Tumores no aparelho digestivo

Dr. João Emílio Pinheiro

Dúvidas sobre

A cirurgia do pâncreas

Na maioria das vezes, a cirurgia do pâncreas é realizada de maneira aberta com uma incisão no abdômen que possibilita a exposição dos órgãos abdominais em uma cirurgia curativa, ou seja, com a retirada da lesão juntamente dos linfonodos que estão próximos a ela. 

Atualmente, tem se aumentado o número de serviços que estão realizando essa cirurgia de maneira minimamente invasiva, ou seja, por laparoscopia, ou por cirurgia robótica, mas ainda não são o padrão.

Somente grandes centros com cirurgiões especializados conseguem reproduzir essa cirurgia de maneira minimamente invasiva com resultados oncológicos e operatórios adequados semelhantes ao da cirurgia aberta.

Para se preparar para a cirurgia para cirurgia do pâncreas o paciente deverá realizar alguns exames que identificam quais são as áreas afetadas pela doença. O médico irá recomendar exames como tomografia de abdome com múltiplos detectores, a ressonância nuclear magnética, a ecoendoscopia, a tomografia com emissão de pósitrons e a laparoscopia. 

Além disso, o paciente deverá ter uma alimentação balanceada, evitar ingerir bebida alcoólica por, pelo menos, sete dias antes da cirurgia do pâncreas e não fumar por, pelo menos, 30 dias antes.

O pâncreas

O pâncreas é um órgão sólido, localizado no abdômen superior atrás do estômago e tem por volta de 15 cm.

Ele tem duas principais funções:

1️⃣ A função exócrina, de produzir enzimas para digestão de gorduras, proteínas e carboidratos.

2️⃣ E a função endócrina, a principal delas é de produzir a insulina que controla

os nossos níveis de glicose no sangue.

Segundo estudo recente do Colégio Americano de cirurgia, existe uma associação entre a pancreatite aguda com cálculo na vesícula e viram que esses pacientes que têm essas duas doenças, eles têm mais chance de desenvolver câncer de pâncreas em relação à população geral.

Paciente que tem pancreatite crônica, seja ela de etiologia alcoólica, ou autoimune, tem esse risco maior.

Mas se o paciente tem um episódio de pancreatite aguda, não associado a pedra na vesícula, esse paciente tem a mesma chance de ter câncer de pâncreas do que a população em geral que não tem nenhum desses fatores.

O pâncreas se localiza atrás no abdômen, na região retroperitoneal e por ter essa apresentação, os sintomas se manifestam tardiamente, já quando a doença está avançada.

Então, os sintomas do câncer de pâncreas são: uma dor inespecífica na região superior do abdômen, o que pode irradiar para as costas, para o dorso, perda de peso, fraqueza intensa, olhos amarelos.

No paciente idoso que esteve sempre de bem com a vida, nunca teve depressão, uma nova depressão, pode ser um sintoma de um câncer de pâncreas.

Essas lesões são diagnosticadas a partir de uma boa relação médico-paciente, aquela em que você será ouvido, que você terá uma boa história colhida.

A partir disso, é realizado o exame físico e, então, dependendo dos achados serão solicitados exames de laboratório, os quais, oncomarcadores, principalmente, e também funções nutricionais do organismo para saber se o paciente está com as proteínas e os glóbulos brancos em dia e também ver a anemia.

Serão realizados exames de imagem, na maioria das vezes, tomografia de abdome e também a ressonância com colangiorressonância.

Com base nesse conjunto de dados será realizado, então, uma ecoendoscopia – uma endoscopia por ultrassom – que você consegue biopsiar essa lesão e ter o diagnóstico definitivo do adenocarcinoma ductal do pâncreas.

Obviamente como todos os tipos de câncer, depende do estadiamento do grau da doença.

Se for uma doença inicial, esse paciente tem chance cura e a única chance de cura para o câncer de pâncreas é a cirurgia.

As cirurgias do pâncreas variam a depender da localização que está essa lesão.

Se é um paciente que já não tem mais chance de cura, ou que a lesão está muito grande invadindo órgãos abdominais importantes ou então, quando está com metástases, nós partimos para outros tratamentos como cirurgia paliativa, radioablação, radiofrequência, quimio e radioterapia paliativos.

Primeiro essa doença deve estar localizada. 

Para o paciente ser submetido a cirurgia do pâncreas, o câncer, não pode ter disseminação para o peritônio, e disseminação também para outros órgãos do corpo: como fígado ou os pulmões.

Então a doença dever estar restrita ao órgão ou alguns órgãos próximos, mas que também possam ser ressecados na cirurgia.

Além disso, também deve ser apto a passar pela cirurgia. 

Então, apesar das comorbidades como hipertensão, diabetes, esse paciente tem que estar bem controlado, dever ser um paciente que possa ser submetido a um trauma, como a cirurgia.

Nos casos em que a doença está disseminada, o paciente tem metástase para o peritônio, para o fígado e para os pulmões.

Quando isso acontece o paciente não é mais candidato ao tratamento curativo com a cirurgia.

Além disso, também quando há invasão de órgãos nobres que não possam ser ressecados.

Mas com relação a essa parte, a medicina cirurgia vem desenvolvendo muito atualmente, em grandes centros consegue-se realizar essa ressecação mesmo sendo uma cirurgia mais radical.

Ainda que o paciente não seja candidato a cirurgia, ele é candidato a tratamentos paliativos, cirurgia paliativa, prótese biliar, quimioterapia, radioterapia e radioablação.

Depende da cirurgia realizada.

No caso da Cirurgia de Whipple – a cirurgia do câncer na cabeça do pâncreas – o paciente pode ter um pouco mais de dificuldade nas alimentações.

Em vez de fazer duas ou três grandes refeições ao longo do dia, ele fraciona mais essa alimentação até que o corpo dele se readapte, se reorganize e aprenda a se alimentar dessa maneira.

Além disso, ele deve evitar alimentos ultraprocessados muito gordurosos ou também muito doces.

Se é um paciente que retirou o corpo e a cauda do pâncreas, então nesse caso, ele vai fazer uma suplementação das enzimas que esse pâncreas produz, são cápsulas que ele vai tomar nas principais refeições, e com isso, ele conseguirá fazer uma boa digestão dos alimentos sem grandes prejuízos para sua saúde.

Cirurgia do Pâncreas

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Dr. João Emílio Pinheiro é preceptor e assistente da Disciplina de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo na Faculdade de Medicina do ABC. Membro titular do colégio brasileiro de cirurgia digestiva – CBCD e da sociedade brasileira de cirurgia laparoscópica e robótica- SOBRACIL.